A Poesia e o 25 de Abril



A Cor da Liberdade

Quem a Tem...

Não hei-de morrer sem saber

Qual a cor da liberdade,

Eu não posso senão ser

desta terra em que nasci.

Embora ao mundo pertença

e sempre a verdade vença,

qual será ser livre aqui,

não hei-de morrer sem saber.

Trocaram tudo em maldade,

é quase um crime viver.

Mas embora escondam tudo

e me queiram cego e mudo

não hei-de morrer sem saber

qual a cor da liberdade.

Jorge de Sena, Poesia II

Refiro-me

sobretudo às mulheres

que exaustas de silêncio

são tímidas no falar

Mas a força que têm

dentro delas

faz do impossível já

seu caminhar...

não vos julgueis,

mulheres,

inferiores aos homens!

Discuti com eles

exprimi o que vos

falta:

quem sabe adivinhar quanta

igualdade?

Mas dizei também

do muito que vos sobra

de tanto tanto: amor

de dor

e de ternura!

Maria Teresa Horta

A Manhã Evidente

No fundo do túnel escuro

adivinha-se o dia.

Os homens saltam o muro

que separa o passado do futuro

_ obrigado, poesia.

Horas caíram, cinzentas

e nem ficou a saudade.

Longe o cabo das Tormentas,

precisas as ferramentas,

generosa a verdade.

Largas e limpas as canções

sem palavras convencionais.

Abertos os corações

e enterradas as prisões

na terra de nunca mais.

harmoniosas as danças,

certo o pão de cada dia,

louras as searas como tranças

e felizes os olhos das crianças

_ obrigado, poesia.

No museu a charrua,

insólito o arado,

arejada cada rua,

ultrapassada a lua

e o povo acordado.

Sidónio Muralha, Poemas

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