A Cor da Liberdade
Quem a Tem...
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade,
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena, Poesia II
Refiro-me
sobretudo às mulheres
que exaustas de silêncio
são tímidas no falar
Mas a força que têm
dentro delas
faz do impossível já
seu caminhar...
não vos julgueis,
mulheres,
inferiores aos homens!
Discuti com eles
exprimi o que vos
falta:
quem sabe adivinhar quanta
igualdade?
Mas dizei também
do muito que vos sobra
de tanto tanto: amor
de dor
e de ternura!
Maria Teresa Horta
A Manhã Evidente
No fundo do túnel escuro
adivinha-se o dia.
Os homens saltam o muro
que separa o passado do futuro
_ obrigado, poesia.
Horas caíram, cinzentas
e nem ficou a saudade.
Longe o cabo das Tormentas,
precisas as ferramentas,
generosa a verdade.
Largas e limpas as canções
sem palavras convencionais.
Abertos os corações
e enterradas as prisões
na terra de nunca mais.
harmoniosas as danças,
certo o pão de cada dia,
louras as searas como tranças
e felizes os olhos das crianças
_ obrigado, poesia.
No museu a charrua,
insólito o arado,
arejada cada rua,
ultrapassada a lua
e o povo acordado.
Sidónio Muralha, Poemas
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