Visita de Estudo ao Centro de Estudos Camilianos
Poema
A escola era
Uma sala fechada
Quadrada
Nas paredes
Estavam pendurados
Uns senhores sombrios
Frios
Tinham o tamanho
Do mundo
Os mapas de
Portugal
Os caminhos
Dos meninos
Eram a rua
E o quintal
O braço
Da professora
Era comprido
Como uma cana
E quando batia
Não era na cabeça
Mas no coração
Que doía
Depois vieram as flores
Os meninos
São donos de todas as letras
Podem voar livremente
Como as borboletas
São donos de todos os números
Podem abrir janelas nos planetas
São donos de todas as cores
E se as juntarem
Formarão o arco-íris.
Sob o olhar cúmplice
Da professora.
Olinda Campos
25 de Abril
A Poesia e o 25 de Abril
A Cor da Liberdade
Quem a Tem...
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade,
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
e me queiram cego e mudo
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena, Poesia II
Refiro-me
sobretudo às mulheres
que exaustas de silêncio
são tímidas no falar
Mas a força que têm
dentro delas
faz do impossível já
seu caminhar...
não vos julgueis,
mulheres,
inferiores aos homens!
Discuti com eles
exprimi o que vos
falta:
quem sabe adivinhar quanta
igualdade?
Mas dizei também
do muito que vos sobra
de tanto tanto: amor
de dor
e de ternura!
Maria Teresa Horta
A Manhã Evidente
No fundo do túnel escuro
adivinha-se o dia.
Os homens saltam o muro
que separa o passado do futuro
_ obrigado, poesia.
Horas caíram, cinzentas
e nem ficou a saudade.
Longe o cabo das Tormentas,
precisas as ferramentas,
generosa a verdade.
Largas e limpas as canções
sem palavras convencionais.
Abertos os corações
e enterradas as prisões
na terra de nunca mais.
harmoniosas as danças,
certo o pão de cada dia,
louras as searas como tranças
e felizes os olhos das crianças
_ obrigado, poesia.
No museu a charrua,
insólito o arado,
arejada cada rua,
ultrapassada a lua
e o povo acordado.
Sidónio Muralha, Poemas
O 25 de Abril e os Cantores de Intervenção
José Afonso
Cinema e Revolução
Os jovens e adolescentes no 25 de Abril
in Barreira, Cecília, Os Estilos De Vida E Convívio Quotidiano, Portugal 20 Anos de Democracia, Círculo de Leitores