«Jantar Camiliano», O Repórter Estava Lá...





















SOCIEDADE






Na escola Bernardino Machado, ilustre filho do Barão de Joane, teve lugar um «Jantar Camiliano».
O acontecimento social, para o qual foram convidados os mais altos representantes da nação e os mais dilectos filhos da terra, decorreu com grande brilhantismo.
Por questões de saúde, o Representante da Nação não pôde honrar-nos com a sua presença. Aguardamos as melhoras de Sua Excelência. As outras entidades, certamente por não terem escolhido estradas macadamizadas e as suas alimárias se terem espantado, também não puderam comparecer, esperamos que as «bestas» de suas entidades já tenham recuperado.
O jantar, para além da «Prata da Casa», contou com a presença do Doutor de Letras, José Manuel Oliveira, grande amigo e defensor da obra de Camilo Castelo Branco que referiu o cuidado e o rigor com que o evento foi preparado.
A refeição foi servida em baixela de faiança «Cavalinho», seguindo o roteiro gastronómico-literário do Nosso Escritor, broa de milho, caldo-verde, rojões com castanhas, pudim e fruta da época.
O sarau foi entrecortado com teatro, música e dança a cargo dos nossos famosíssimos artistas.
À cerimónia, não faltou emoção e aventura quando foi, bruscamente, interrompida pelo famoso assaltante Zé do Telhado que, ao saber que o jantar era dedicado ao seu amigo Camilo, prontamente, devolveu os bens aos seus legítimos donos e partiu com a sua quadrilha para outro lado.
O episódio terminou sem outras consequências a não ser os desmaios de algumas senhoras presentes, prontamente acudidas pelos cavalheiros com os frasquinhos de sais.
Parafraseando Camilo, foi uma cerimónia com «Coração, Cabeça e Estômago». "Coração" de todos os alunos, funcionários e professores que colaboraram com empenho e amor na sua realização, "Cabeça" de todos os que coordenaram, na perfeição, as diferentes actividades e "Estômago" de todos os convidados.
No final, as palavras de elogio, os sorrisos espelhados no rosto e o «silêncio de ouro» de todos os participantes provavam o êxito conseguido.
Está de Parabéns a sociedade de Joane!

Palmeira A.
(repórter)
in O Século de 25 de Fevereiro de 1890
notícia fac-similada

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